A escola dos anos 50 e 60 do século XX
Nos anos 50/60 a escola era muito diferente da escola de hoje. Recebemos na nossa escola a visita de algumas vizinhas, Sra. Beatriz, Sra. Encarnação e Sra. Graciela, que nos contaram como era a escola dos seus tempos de infância.
Naquela época, as crianças iam a pé para
a escola, levando consigo um saco de pano costurado pelas mães, onde seguiam a
pequena pedra de ardósia e o lápis de pedra, únicos materiais escolares da
altura. A escola tinha Apenas uma sala de aula e a sua limpeza era feita pelas
alunas, ao sábado.
A Sra. Encarnação contou-nos que a sua
escola funcionava numa casa no sítio do Pinheiro. Não tinha mesas nem cadeiras.
Os meninos sentavam-se no chão e apoiavam a pedra de ardósia nas pernas para poderem
escrever. As aulas decorriam das 9h às 13h, com um intervalo a meio da manhã
para lanchar… mas o lanche vinha de casa (pão seco!).
Quanto às Sras. Beatriz e Graciela,
soubemos que elas estudaram na escola de meninas, no Loreto. Esta tinha um
horário de funcionamento mais alargado, já que começava às 9h e terminava às
17h, com intervalo de uma hora para irem a casa almoçar.
Naquela época, como já dissemos, não
existiam cadernos nem o material escolar de hoje. Todas elas levavam dentro do
saco de pano a pedra de ardósia, na qual escreviam a matéria com o lápis de
pedra, afiado também numa pedra. Depois de estudar (memorizar) a matéria,
apagavam a pedra com um paninho e água. Quando não tinham esse paninho,
limpavam-na com “escupo” e a manga da camisa. (Hi! Hi! Hi! Quem diria! Se fosse
hoje… estávamos fritos!) Se não soubessem a lição… caia reguada ou vergastada
de vime!
E os recreios? Como eram? Ora, eram um
espaço exterior em frente à sala de aula, onde brincavam às pedrinhas, à
milhada, ao jogo da macaca, às apanhadas e às escondidas. Nada de campos de
futebol ou de parques… Nada! Nada! Brincavam durante a pausa de lanche, que era
um pouco de pão seco com leite Nido, no caso da escola de meninas, no caso da
escola da Sra. Beatriz, não havia lanche, pelo que as crianças tinham de trazer
alguma coisa de casa, como pão, batatas ou semilhas… pobreza da época!
E por falar em pobreza, elas contaram
coisas extraordinárias da vida do seu tempo e das dificuldades por que quase
todas as pessoas passavam. Por exemplo, a falta de sapatos e a preocupação que
tinham em poupar o único par de sapatos que tinham… quando iam para a escola,
fingiam ter-se magoado num pé para usar apenas o sapato do outro pé. Depois
faziam a mesma fita dias depois trocando o pé “magoado” e o sapato. Ou então
levavam os sapatos na mão e apenas os calçavam à porta da escola. Nós contamos
estas coisas em casa e as nossas mães e avós riram-se muito, porque se
lembraram disso. Até disseram que havia pessoas que colavam folhas ou tecido
nas solas, como forma de rentabilização do calçado.
Estamos gratos pela visita destas
senhoras à nossa escola, porque nos fez conhecer a realidade do seu tempo, já
para não falar que tivemos tema de conversa com as nossas mamãs e avós.
Texto redigido em grande grupo
pelos alunos do 4.º ano, da EB1/PE Lombo do Guiné, sob orientação da técnica de
biblioteca.
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