IMAGINAR COM A ESCRITA

NESTE ESPAÇO OS LEITORES PARTILHAM LEITURAS E IMAGINAÇÃO

AO SABOR DA PALAVRA!

terça-feira, 29 de abril de 2014

Concurso Escrita Criativa, Baú de Leitura - Textos Concorrentes

A lenda do poço

Há muito tempo atrás, havia um poço velho, um poço velhíssimo.
Nunca ninguém o apreciava. As pequenas crianças que pelas ruas brincavam, não sabiam porquê. Pois elas, ao contrário dos adultos, passavam muito tempo a estudar o poço. Elas olhavam com atenção num longo silêncio para o poço, sentindo que este escondia algum mistério…
Todos os dias se repetia esta rotina das crianças. Mesmo sem nada acontecer, elas continuavam a brincar à volta dele e a olhá-lo com grande admiração.
Então, depois de tantos dias sem futuro, um homem, que há muito tempo notava o seu interesse, parou para olhar para o poço, curioso. Procurou, procurou, mas nada encontrou. A certa altura atreveu-se a perguntar-lhes:
- Porque tanto olham o poço?
E uma criança respondeu-lhe:
- Não vê nada?! Só quem tem imaginação é que pode ver. Se não pensa noutros mundos, nunca vai evoluir, nem conhecer o segredo do poço.
Ao ouvir isto, o homem pensou logo na imaginação fértil das crianças, sem dar valor ao comentário.
As crianças olhavam entretidas um espetáculo protagonizado por dois pequenos peixes, um laranja e outro preto, que saltavam e brincavam na água do poço.
Seria um sonho?!
Ou seria magia...
Todos os dias as crianças falavam umas com as outras do Laranja e do Foca, baixinho, para ninguém mais saber da existência deles, não fosse alguém os apanhar.
Quem eram o Laranja e o Foca? O Laranja e o Foca eram apenas… os peixes do poço! Aqueles que as crianças observavam…
Num dia, normal como os outros, elas foram, como de costume, ver o poço, e viram qualquer coisa a brilhar na água. De repente apareceu o Laranja que transportava às costas alguma coisa que brilhava. Depois viram o Foca que também transportava alguma coisa às costas. Quando chegaram à superfície repararam que era... OURO.
As pobres crianças não sabiam o que fazer...
Nesse momento, inesperadamente, apareceu-lhes o Rei Neptuno:
- Os peixes falaram-me de vós! Contaram-me que todos os dias vêm a este poço e que gostam muito dele. Também me contaram que guardaram o seu segredo, protegendo-os.
O rei Neptuno explicou-lhes ainda que os saltos e pulos que os peixes davam significava que tinham ali o tesouro mágico da Sereia da Esperança, e que os peixes o guardavam há mais de 100 anos para alguém de coração puro, pois eles eram guardiões do tesouro, seus enviados. Também contou que havia um menino que desejava muito de ver o poço e não o conseguia ver porque era cego.
- Como recompensa de cuidarem e de acreditarem na magia do poço dar-vos-eis o seu tesouro escondido… Mas atenção, o verdadeiro tesouro é a partilha… repartam-no!
Foi então que as crianças se lembraram do menino. Tinham ouvido dizer que os seus pais sofriam muito porque não tinham o dinheiro suficiente para pagar uma operação à vista, pois era muito cara e apenas poderia ser feita na Alemanha com médicos especialistas no problema dele.
Elas foram ao encontro do menino cego, que se chamava Dionísio, e contaram-lhe tudo, principalmente do encontro com o Rei Neptuno. Decidiram entregar-lhe metade do tesouro mágico para que este pudesse viajar e fazer a tal operação à vista e voltar a ver… e voltar para ver com eles o Foca e o Laranja.
Passados três meses, Dionísio regressou da Alemanha já curado da vista. Estava encantado com tudo o que via. O mundo era totalmente novo para ele. Logo que pôde, foi ao poço agradecer a todos pela grande ajuda que lhe tinham dado. Trouxe uma pequena pérola que havia comprado numa joalharia em Berlim e mandou que os peixes a levassem à Sereia da Esperança…

Ana Sofia Pereira, 4.º ano



O passeio

Era uma vez, numa bela tarde, um velho e uma velha que estavam em casa a ver televisão. O velho chamava-se Manuel e a velha Josefina. Manuel tinha 47 anos e Josefina 45. De um momento para outro Josefina disse a Manuel:
- Olha, Manuel, passa-me aí o calendário!
Manuel passou-lho e Josefina esteve a ver o dias e verificou que na quarta-feira era dia de fim de ano… tinham estado os dois desatentos desta data.
- Então é hoje? – perguntou ele – então vamos lá! Temos de ir ao Funchal ver o fogo de artifício.
- Olha, Manuel, se é para ir eu vou ao cabeleireiro cortar o cabelo e pintá-lo de preto.
- Eu cá não sei por que é que tu te pões com essas modernices… já não vais a tempo de arranjar noivo!!! – escarneceu Manuel.
- Olha, as mulheres são assim! Conforma-te!
Josefina saiu rapidamente de casa e foi ao cabeleireiro mais próximo. Manuel decidiu acompanhá-la e ficar lá a ver (era desconfiado…). Ao fim de muito tempo, ela finalmente estava pronta e era hora de pagar. Quando ele viu que teve de pagar 34 Eur, ficou danado e à saída resmungou-lhe:
- Olha, o dinheiro que tu puseste ali no cabeleireiro para essa modernices já dava para umas ponchas na cidade!!
- Olha, nunca ouviste dizer que a inveja é triste??
- Já ouvi muitas vezes… acabamos por aqui.
De seguida foram os dois caminho fora de mãos dadas. Apanharam a camioneta e chegaram os dois à cidade muito arrebitados e meteram-se logo no meio da confusão de gente que vinha ver o fogo. Foram para o pé do mar porque era mais relaxante. Chegaram uns barcos que levavam as pessoas a dar um pequeno passeio. Eles embarcaram num desses barcos e, duas horas depois, regressaram à costa.
- Este passeio foi a coisa mais relaxante que já fizemos os dois, não achas? – comentou Josefina.
- Pois claro que foi! Este foi um dinheiro bem gasto!... mas ficamos sem as ponchas…

Cátia Ferreira, 4.º ano